sábado, 4 de janeiro de 2014

Diogo Cão


                            Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
                            Este padrão ao pé do areal moreno
                                                                         Fernando Pessoa

Diogo Cão foi uma figura pioneira, sendo o primeiro a usar o padrão de pedra como marca de descoberta. Foi ele que, fazendo viagens de reconhecimento, trouxe dados que permitiram atingir a África do Sul, navegando ao largo da costa. (“Areal moreno”)
O padrão assinala a parte humana das Descobertas. Diogo Cão refere: “da obra ousada, 
é minha a parte feita”, e deixa o resto ao fatum, “o por-fazer é só com Deus”. 
Para Pessoa, é a “Cruz ao alto” que lembra a Diogo Cão – símbolo para todos os navega-
dores e todos os Portugueses – a razão suprema do desejo de navegar.



    

Diogo Cão
São muito pouco os dados existentes sobre Diogo Cão. Não se sabe o nome dos seus pais, mas sabe-se o nome do seu avô, Gonçalo Cão.

Pensa-se que nasceu em Vila Real, onde existe ainda uma casa que se pensa que terá sido a sua.
Não se sabe nada sobre a sua infância, nem da sua adolescência, os primeiros vestígios que sabemos da vida dele, são da sua juventude.

Entrou ao serviço da casa de D. Henrique, onde foi escudeiro e depois cavaleiro.

A sua ligação ao Infante tê-lo-á iniciado no conhecimento das coisas do mar, e a sua juventude foi dedicada às tarefas marítimas.

A primeira referência conhecida sobre Diogo Cão deve-se a um estrangeiro: trata-se do relato da Voyage D’Eustache Delafosse sur la côte de guinée, au Portugal & en Espagne (1479-1481). Na descrição do apresamento de um navio castelhano na costa da Mina, em 1480, Diogo Cão desempenhava na altura as funções de Capitão de um dos quatro navios portugueses.
É consensual que em torno da sua figura subsistem duas grandes questões por esclarecer. A primeira diz respeito ao número de viagens que efetuou, e a segunda acerca das circunstâncias e local da sua morte.

Segundo António Gonçalves, Diogo Cão, antes de ser nomeado capitão de navio, terá navegado muito. O facto de não existirem referências a viagens nesse período não deve ser encarado como ausência das mesmas. É que a partir do momento em que as atividades e as viagens entraram na rotina, deixaram de constituir novidade. Por isso menos razões haveria para que fossem descritas.
Quanto às viagens comprovadas, foi Damião Peres quem estabeleceu a cronologia geralmente seguida. A primeira destas viagens terá tido início no verão de 1482, passando a expedição por S. Jorge da Mina, dirigindo-se depois ao cabo de Santa Catarina. No decurso desta viagem terá sido descoberto o rio do Padrão (atual rio Congo), onde foi erguido o primeiro padrão de pedra. Mais a sul, no cabo do Lobo, até onde prosseguiu a expedição, foi colocado o padrão de Santo Agostinho. Os navios terão então regressado a Portugal, em Abril de 1484. Nessa altura Diogo Cão foi distinguido por D. João II, pelos serviços prestados.
A segunda viagem iniciou-se, muito provavelmente, nos finais de 1485. O objetivo seria continuar a exploração da costa africana para além do cabo do Lobo. Desta feita são fixados padrões no cabo Negro e no cabo do Padrão (atual cape Cross, na Namíbia). Não existem grandes indicações quanto ao período de regresso desta segunda expedição a Portugal. Nem tão-pouco quanto à data em que a exploração do rio Congo foi levada a cabo. No entanto não restam dúvidas, face às provas existentes nas rochas de Ielala, de que o navegador e os seus homens estiveram nesse local.
As dificuldades de precisão na cronologia destas duas viagens motivaram o aparecimento de uma outra tese, segundo a qual o navegador teria feito três (e não duas) viagens de exploração ao longo da costa ocidental africana, como pretende Carmen Radulet.
                                                               

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